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Em 1977, entrou na sala do Colégio São Vicente de Paulo um professor de cabelo e bigode pretos para nos dar aulas de História. Desde o primeiro momento em que Zacarias Gama começou a falar, a turma, como que hipnotizada, iniciou uma viagem no tempo embalada pela narrativa precisa e carismática do novo professor. É bom lembrar que naquele final dos anos 70 não havia internet, tv a cabo e muito menos streaming. Os documentários nos cinco canais de televisão existentes eram raros e com as limitações tecnológicas da época, Mas as aulas do Zacarias não conheciam limites ou fronteiras. Elas nos faziam viajar.

Anos depois, quando reencontrei o querido mestre, soube que passara a se dedicar à fotografia. Não estranhei, porque muito antes de apontar lentes para o mundo, ele já se dedicava às imagens, produzidas então nas mentes de seus alunos. Hicsos, fenícios, cretas… podíamos vislumbrar povos e civilizações graças às suas pala-vras, proferidas com maestria na sala de aula. Como quem lia um livro e imaginava a história, as roupas, os gritos e os sussurros dos personagens, nós, estudantes, viajávamos no tempo e no espaço graças ao talentoso professor e sua verve.

Vendo as fotos postadas neste site, podemos perceber o cuidado com a iluminação e os enquadramentos. A sensibilidade para capturar instantâneos se junta à lúdica exploração dos recursos, sejam filtros ou panorâmicas. Assim como a tecnologia da fotografia, o fotógrafo Zacarias Gama também está em constante evolução e aper-feiçoamento. Se não havia limites para o conhecimento do professor, não há para o do fotógrafo.

O que mais me chama atenção, porém, é a relação de continuidade entre o profes-sor e o fotógrafo. As imagens os unem. Antes, eram impressas na imaginação dos alunos que o ouviam e agora elas chegam a todos, indistintamente, pela retina, pro-duzindo igualmente o mágico efeito de fazer pensar. 

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